International Prostatic Symptom Score (IPSS)

Entre os homens idosos, um dos principais fatores associados aos LUTS (Lower Urinary Tract Symptoms) é o aumento do volume prostático, frequentemente decorrente de hiperplasia prostática benigna (HPB) ou neoplasia prostática. A sintomatologia pode ser dividida em dois grandes grupos: os sintomas obstrutivos ou de esvaziamento, que incluem dificuldade de esvaziar a bexiga, jato urinário fraco, hesitância e gotejamento, e os sintomas de armazenamento ou irritativos, como urgência miccional e noctúria. É crucial afastar a possibilidade de neoplasias prostáticas com investigação adequada.

Para avaliar especificamente os sintomas relacionados à HPB, foi desenvolvido o American Urological Association Symptom Index (AUASI) por Barry et al. em 1992. Este instrumento consiste em uma escala composta por sete questões, cada uma pontuada de 1 a 5, resultando em uma pontuação total que varia de 7 a 35 pontos. Posteriormente, foi acrescentado um item que avalia a percepção da qualidade de vida do paciente, o qual, embora não seja incluído no somatório final, amplia a utilidade clínica do instrumento. A partir dessa modificação, ele passou a ser chamado de International Prostatic Symptom Score (IPSS).

O IPSS é amplamente recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e já foi traduzido para uso em diversos países. Idealmente, o questionário deve ser respondido pelo próprio paciente. No entanto, ele também pode ser preenchido com a ajuda de familiares ou profissionais de saúde, mantendo boa acurácia, mesmo em indivíduos com baixa escolaridade. Além de traduzir os sintomas urinários relacionados à HPB, o IPSS é uma ferramenta valiosa para o acompanhamento clínico dos pacientes e pode ser reaplicado entre quatro e doze semanas após o início de intervenções terapêuticas, permitindo o monitoramento da evolução do quadro.

Apesar de sua ampla aplicabilidade, o IPSS apresenta algumas limitações. Ele não necessariamente reflete o grau de obstrução ou o fator etiológico dos sintomas urinários e não é indicado para confirmar ou descartar obstrução na saída da bexiga.

IPSS

1. No último mês, quantas vezes, em média, você teve a sensação de não esvaziar completamente a bexiga, depois de terminar de urinar? 2. No último mês, quantas vezes, em média, você teve que urinar de novo menos de 2 horas depois de terminar de urinar? 3. No último mês, quantas vezes, em média, você notou que parava e recomeçava várias vezes quando urinava? 4. No último mês, quantas vezes, em média, você notou que foi difícil conter a vontade de urinar? 5. No último mês, quantas vezes, em média, você notou que o jato urinário estava fraco? 6. No último mês, quantas vezes, em média, você teve que fazer força para começar a urinar? 7. No último mês, quantas vezes, em média, você teve que se levantar a cada noite para urinar? Se tiver que passar o resto dos seus dias com esse padrão miccional, como se sentiria?

Valor Final: 0

Qualidade de vida:

Interpretação*:
O IPSS estratifica os pacientes em três grupos

Zero a sete pontos: sintomas leves

Oito a dezenove pontos: sintomas moderados

Vinte a trinta e cinco pontos: sintomas graves

Quando o paciente é reavaliado pode se considerar uma variação clinicamente significativa quando há:
– Diferença de mais de três pontos do escore;
– Diferença de um ponto na pergunta sobre qualidade de vida.
Contudo, o paciente pode apresentar melhora global com o tratamento, sem detecção pelo instrumento.

Ressalta-se que, mais importante do que avaliações e classificações pontuais, é a aplicação seriada do instrumento e o julgamento quanto a variações ao longo do tempo.

* Salienta-se que os instrumentos de avaliação geriátrica devem ser utilizados em conjunto com anamnese e exame físico. Devendo ser interpretados sob a luz de julgamento clínico

Referências:
Barry MJ, Fowler Jr FJ, O’Leary MP, Bruskewitz RC, Holtgrewe HL, Mebust WK et al. The American Urological Association Symptom Index for Benign Prostatic Hyperplasia. J Urol 1992; 148(5): 1549-57. doi: 10.1016/s0022-5347(17)36966-5.

Berger M, Luz Jr PN, Silva Neto B, Koff WJ. Validação estatística do escore internacional de sintomas prostáticos (I-PSS) na língua portuguesa. J Bras Urol 1999; 25(2): 225 – 234.

Netto Jr NR, Lima ML. The influence of patient education level on the international prostatic symptom score. J Urol 1995; 154(1): 97-9. doi: 10.1097/00005392-199507000-00034.

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Yao MW, Green JSA. How international is the International Prostate Symptom Score? A literature review of validated translations of the IPSS, the most widely used self-administered patient questionnaire for male lower urinary tract symptoms? Low Urin Tract Symptoms 2022; 14(2): 91-101.doi: 10.1111/luts.12415.