Os idosos constituem um grupo com risco elevado para deterioração clínica, tornando-se alvos essenciais para intervenções preventivas e para a identificação precoce de agravos. Essa foi a premissa adotada por Saliba et al. no desenvolvimento de um instrumento voltado à identificação de idosos vulneráveis que vivem em comunidade, ou seja aqueles com perfil de fragilidade.

No estudo original, a vulnerabilidade foi definida como o risco de declínio funcional ou morte em dois anos. Foi conduzido com dados do Medicare (programa de seguro de saúde dos Estados Unidos), sendo realizadas avaliações após dois anos. Diversos fatores preditivos foram considerados, como idade, funcionalidade, comorbidades, hábitos de vida, entre outros. Com base em diferentes modelos de análise, os autores identificaram aqueles com maior acurácia e criaram o Vulnerable Elders Survey (VES-13).

O VES-13 é composto por quatro áreas principais: idade, autopercepção de saúde, limitação física e incapacidades, totalizando 13 perguntas. Cada item recebe uma pontuação específica, e o somatório total pode variar de zero a dez pontos. As pontuações mais elevadas são relacionadas a piores desfechos.

Entre as principais vantagens do VES-13, destacam-se sua aplicação rápida (cerca de cinco minutos), a ausência da necessidade de exames complementares e a consideração da autopercepção do indivíduo, além da avaliação de sua funcionalidade. Este questionário pode ser respondido pelo próprio paciente ou com o auxílio de profissionais de saúde, familiares ou cuidadores.

Devido à sua simplicidade e eficácia, o VES-13 foi adotado pelo Ministério da Saúde (MS) do Brasil, e está disponível na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, uma ferramenta oficial do MS. Além disso, o VES-13 é utilizado como critério para políticas públicas e, também, como ferramenta de triagem para admissão em planos de saúde privados. Pontuações mais elevadas apresentam relação com desfecho de longo prazo (cinco anos). O VES-13 também é utilizado para avaliação de risco no contexto de oncogeriatria.

Vulnerable Elders Survey 13 (VES-13)

Interpretação*:

Estudo original (Saliba et al.):
– Abaixo de dois pontos: Idoso não vulnerável;
– Três pontos ou mais: Idoso vulnerável (risco de 4,2 vezes de declínio funcional ou morte em dois anos, em relação ao grupo com menores pontuações). 

Análises posteriores (Min et al, 2006) mostraram que cada aumento da pontuação do VES-13 estava relacionado a piores desfechos. A partir disso foi sugerida a divisão em três grupos (Paraná, 2018):
– Zero a dois pontos: idoso robusto (não vulnerável);
– Três a seis pontos: idoso em risco de fragilização, avaliar complementar com outros instrumentos de avaliação especialmente aqueles que avaliam cognição e humor (não contemplados na VES-13) ou com ou com instrumentos multidomínio como o IVCF-20;
– Sete pontos ou mais: idoso frágil, considerar acompanhamento com ambulatório especializado.

Ressalta-se que, mais importante do que avaliações e classificações pontuais, é a aplicação seriada do instrumento e o julgamento quanto a variações ao longo do tempo.

* Salienta-se que os instrumentos de avaliação geriátrica devem ser utilizados em conjunto com anamnese e exame físico. Devendo ser interpretados sob a luz de julgamento clínico

Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual para utilização da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília: Ministério da Saúde; 2018. 96 p.

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