Sarcopenia
O termo sarcopenia deriva do grego: “sarx’ (carne, músculo) e “penia” (pouco). Foi cunhado por Rosenberg em 1988 para caracterizar a perda muscular esquelética relacionada ao envelhecimento. Contudo, atualmente entende-se que não se trata de um fenômeno exclusivo do envelhecimento, podendo ocorrer também em pacientes jovens acometidos por diversas doenças. Deve-se diferenciar a sarcopenia de caquexia (perda de peso decorrente de doença grave) e desnutrição (diminuição de massa associada à menor ingestão de alimentos), embora essas condições possam coexistir em um mesmo indivíduo.
Para o melhor entendimento da sarcopenia, é importante conhecer outros termos relacionados:
– Dinapenia: diminuição da força muscular, avaliada pela velocidade de marcha, capacidade de levantar-se de uma cadeira, etc.
– Miopenia: perda de massa muscular propriamente dita (avaliada por densitometria, ressonância magnética, etc.).
– Cratopenia: déficit da capacidade de contração muscular (avaliada com dinamômetro ou teste de contração isométrica).
Esses termos são importantes porque demonstram que, além da perda de massa muscular, pode ocorrer também a perda de força muscular e a queda na performance para realizar determinadas atividades. Além disso, ajudam no entendimento da definição operacional de sarcopenia proposta por diferentes sociedades científicas.
Embora o termo tenha sido proposto na década de 1980, ainda não há uma definição universal para o diagnóstico de sarcopenia, o que explica, em parte, a variação da prevalência em diversos estudos. Globalmente, a prevalência varia entre 10% e 27%. Uma revisão sistemática de estudos brasileiros encontrou uma prevalência de 17% (Diz et al.). Em um esforço para criar uma definição mais precisa, foi criada uma iniciativa global chamada Global Leadership Initiative on Sarcopenia (GLIS).
O diagnóstico de sarcopenia está associado à perda funcional, quedas e mortalidade. No entanto, trata-se de uma condição potencialmente reversível. Para sua prevenção e recuperação, é necessário garantir a ingestão adequada de proteínas em uma dieta balanceada, bem como estimular a musculatura por meio de atividade física (principalmente exercícios resistidos). Ambas as abordagens devem ser realizadas sob orientação e acompanhamento de um profissional capacitado. Ainda não há evidência científica que suporte o uso de terapia farmacológica para a sarcopenia.
Sugestões de leitura:
Diz JBM, Leopoldino AAO, Moreira BS, Henschke N, Dias RC, Pereira LSM et al. Prevalence of sarcopenia in older Brazilians: A systematic review and meta-analysis. Geriatri Gerontol Int 2017; 17(1):5-16. doi: 10.1111/ggi.12720.
Jung HN, Jung CH, Hwang Y. Sarcopenia in youth. Metabolism 2023; 144:155557. doi: 10.1016/j.metabol.2023.155557.
Kirk B, Cawthon PM, Arai H, Ávila-Funes JA, Barazzoni R, Bhasin S et al. The conceptual definition of sarcopenia: Delphi consensus from the global leardership initiative in sarcopenia. Age Ageing 2024; 53(3): afae052. doi: 10.1093/ageing/afae052.
Petermann-Rocha F, Balntzi V, Gray SR, Lara J, Ho FK, Pell JP et al. Global prevalence of sarcopenia and severe sarcopenia: a systematic review and meta-analysis. J Cachexia Sarcopenia Muscle 2022; 13(1): 86-99. doi: 10.1002/jcsm.12783.
Sayer AA, Cruz-Jentoft A. Sarcopenia definition, diagnosis and treatment: consensus is growing. Age Ageing 2022; 51(10): afac220; doi: 10.1093/ageing/afac220.