Estimativa de altura (Chumlea, 1985)
A altura é um parâmetro crucial para diversos indicadores clínicos e de nutrição, como o Índice de Massa Corporal (IMC). No entanto, em pacientes idosos, esse dado frequentemente não está disponível, seja devido a dificuldades de locomoção causadas por diversas condições de saúde, seja devido a alterações degenerativas na coluna, que podem subestimar a medida real da estatura.
A equação proposta por Chumlea et al. em 1985 busca estimar a estatura do paciente a partir da medida da altura do joelho (AJ). Essa escolha é justificada pela pouca variação da altura do joelho com o envelhecimento, que permanece praticamente inalterada em comparação à altura de um adulto jovem. A pesquisa original foi realizada com uma amostra de 236 indivíduos, com idades entre 65 e 104 anos, predominantemente caucasianos e residentes no estado de Ohio, Estados Unidos.
A medição da AJ foi realizada na perna esquerda, utilizando estadiômetros, com o paciente em decúbito dorsal. A medida deve ser feita da sola do pé até a parte anterior da coxa (acima dos côndilos do fêmur e proximal à patela), com as articulações do tornozelo e joelho flexionadas a 90 graus, de modo que apenas o calcanhar do paciente esteja apoiado na superfície.
Estudos subsequentes também descreveram a medição da altura do joelho com o paciente sentado, com os pés totalmente apoiados no chão ou com uma perna cruzada sobre a outra, mantendo o ângulo de 90 graus no joelho. No entanto, Chumlea et al. sugerem que a medição feita com o paciente deitado oferece maior acurácia nos resultados. Em alguns locais, devido à falta de equipamentos adequados, a medição é realizada com fita métrica inextensível e inelástica, método diferente do utilizado no estudo original. Oliveira et al. (2017) relataram que, no caso de medição com fita métrica, os resultados foram mais próximos da altura real do que com o uso de estadiômetro. Contudo, as mesmas autoras destacam que a literatura sobre o uso de fita métrica na medição da altura do joelho é escassa.
A equação de Chumlea et al, derivada de um estudo clássico, foi desenvolvida a partir de uma população exclusivamente composta por idosos e é amplamente utilizada para estimar a altura. Contudo, ela pode apresentar imprecisões quando aplicada a populações etnicamente heterogêneas, em comparação com a população original do estudo. Outro ponto importante é a falta de réguas antropométricas em muitos serviços de saúde, o que leva ao uso de fita métrica, um instrumento mais acessível, mas que é utilizado de forma diferente em relação ao método original do estudo.
Destaca-se a existência de outras equações na literatura que utilizam diferentes medidas antropométricas para estimar a altura do indivíduo como a envergadura ou medidas de circunferências. Idealmente deve se buscar qual o cálculo que melhor funciona para a população estudada.
Altura Estimada (Chumlea, 1985)
Interpretação*:
A equação de Chumlea et al. (1985) estima a altura em centímetros a partir da altura do joelho.
Ressalta-se que, mais importante do que avaliações e classificações pontuais, é a aplicação seriada do instrumento e o julgamento quanto a variações ao longo do tempo.
* Salienta-se que os instrumentos de avaliação geriátrica devem ser utilizados em conjunto com anamnese e exame físico. Devendo ser interpretados sob a luz de julgamento clínico
Referências:
Chumlea WC, Roche AF, Steinbaugh ML. Estimating Stature from Knee Height for Persons 60 to 90 Years of Age. J Am Geriatr Soc 1985; 33(2): 116-20. doi: 10.1111/j.1532-5415.1985.tb02276.x
Closs VE, Feoli AMP, Schwanke CHA. Altura do joelho como medida alternativa confiável na avaliação nutricional de idosos. Rev Nutr 2015; 28(5): 475-484. doi: 10.1590/1415-5273201500050002.
Monteiro RSC, Cunha TRL, Santos MEN, Mendonça SS. Estimativa de peso, altura e índice de massa corporal em adultos e idosos americanos: revisão. Com Ciências Saúde 2009; 20(4): 341-350.
Oliveira PM, Moreira APB, Garios RS, Elias MAR. Comparação dos métodos de estimativa de peso e altura em pacientes hospitalizados. HU Revista 2017; 43(3):399-406.
Silva APN, Oliveira CC, Silva GC, Santos GA. Estimativa de Peso Corporal e Estatura em Idosos: Concordância entre Métodos. Geriatr Gerontol Aging 2018; 12(2): 74-80.