Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton (ESAS-r)
A Edmonton Symptom Assessment System (ESAS) foi desenvolvida na unidade de Cuidados Paliativos do Edmonton General Hospital, no Canadá, com o objetivo de avaliar os sintomas de pacientes com câncer avançado em cuidados paliativos por meio de um instrumento simples e eficaz. Os autores da ferramenta se preocuparam em criar um instrumento curto, que não exigisse grande esforço ou concentração por parte do paciente, levando em consideração o sofrimento causado pelos sintomas.
A ESAS combina a avaliação de sintomas físicos e psicológicos, abordando oito sintomas principais: dor, cansaço, sonolência, náusea, apetite, tristeza, ansiedade e bem-estar. Ao longo do tempo, o instrumento passou por modificações (ESAS-r), com a introdução de definições breves para os sintomas e a inclusão de “falta de ar” à lista original. Além disso, passou a ser possível incluir um décimo sintoma, individualizado para cada paciente.
Este instrumento pode ser preenchido pelo próprio paciente (preferencialmente, devido à subjetividade na avaliação dos sintomas), por familiares ou pela equipe de saúde. Caso o paciente não consiga avaliar algum sintoma, a pergunta pode ser deixada em branco. A aplicação pode ser realizada tanto em ambiente domiciliar quanto em internamentos ou consultórios.
Inicialmente, a ESAS utilizava uma escala visual-analógica de 10 milímetros para graduar a intensidade dos sintomas, o que possibilitava a construção de gráficos. Contudo, com o tempo, foi adotada uma escala visual-numérica de 0 a 10, onde 0 significa ausência do sintoma e 10 representa a manifestação mais intensa do sintoma avaliado.
A frequência de aplicação da ESAS deve ser determinada pela equipe de saúde, sendo ajustada conforme as condições clínicas do paciente. A aplicação pode ser feita várias vezes ao dia, semanalmente, a cada consulta ou sempre que necessário.
Embora a ESAS seja um instrumento valioso, ela não substitui uma anamnese detalhada realizada pelo profissional de saúde. Seu objetivo principal é o acompanhamento do paciente, permitindo identificar flutuações nos sintomas ao longo do tempo e apoiar as decisões terapêuticas.
Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton – revisada (ESAS-r)
Por favor, registre o número que melhor descreve como você está se sentindo agora.
Interpretação*:
A ESAS-r deve ser utilizada para o acompanhamento contínuo do paciente, ajudando também a avaliar a resposta às intervenções realizadas para o controle dos sintomas. Para facilitar esse acompanhamento, há a possibilidade de avaliação gráfica, com a opção de download para seguir o progresso dos pacientes ao longo do tempo.
Além da avaliação gráfica, a ESAS-r também pode ser avaliada por meio de escores. O Escore Físico (de 0 a 60 pontos) é composto pela soma simples dos sintomas: dor, cansaço, sonolência, náusea, apetite e falta de ar. O Escore Emocional, que engloba sintomas de depressão e ansiedade, varia de 0 a 20 pontos. Já o Escore Total resulta da soma dos dois escores anteriores, além da pontuação atribuída ao sintoma de bem-estar, variando de 0 a 90 pontos. O sintoma opcional não é incluído na soma dos escores.
Estudos de Hui et al. propuseram pontos de corte para identificar variações clinicamente significativas, tanto para itens individuais quanto para os escores. Abaixo, apresentamos uma tabela com os cortes propostos por esses autores.
Diferença clínica minimamente importante | Melhora do sintoma | Piora do sintoma |
Dor | ≥+1 | ≤−1 |
Cansaço (falta de energia) | ≥+1 | ≤−1 |
Sonolência (sentir-se com sono) | ≥+1 | ≤−1 |
Náusea | ≥+1 | ≤−1 |
Apetite | ≥+1 | ≤−1 |
Falta de ar | ≥+1 | ≤−1 |
Depressão (sentir-se triste) | ≥+1 | ≤−1 |
Ansiedade (sentir-se nervoso) | ≥+1 | ≤−1 |
Bem-estar/Mal-estar (como você se sente em geral) | ≥+1 | ≤−1 |
Escore físico | ≥+3 | ≤−4 |
Escore emocional | ≥+2 | ≤−1 |
Escore total | ≥+3 | ≤−4 |
* Salienta-se que os instrumentos de avaliação geriátrica devem ser utilizados em conjunto com anamnese e exame físico. Devendo ser interpretados sob a luz de julgamento clínico.
Referências:
Bruera E, Kuehn N, Miller MJ, Selmser P, Macmillan K. The Edmonton Symptom Assessment System (ESAS): a simple method for the assessment of palliative care patients. J Palliat Care. 1991;7(2):6-9. doi: 10.1177/082585979100700202
Hui D, Shamieh O, Paiva CE, Khamash O, Perez-Cruz PE, Kwon JH et al. Minimal Clinically Important Difference in the Physical, Emotional, and Total Symptom Distress Scores of the Edmonton Symptom Assessment System. J Pain Symptom Manage 2016; 51(2): 262-9. doi: 10.1016/j.jpainsymman.2015.10.004.
Hui D, Bruera E. The Edmonton Symptom Assessment System 25 Years Later: Past, Present, and Future Developments. J Pain Symptom Manage 2017; 53(3): 630-643. doi: 10.1016/j.jpainsymman.2016.10.370.
Monteiro DR, Kruse MHL, Almeida MA. Avaliação do Instrumento Edmonton Symptom Assessment System em cuidados paliativos: revisão integrativa. Rev Gaúcha Enferm 2010; 31(4): 785-93.
Monteiro DR, Almeida MA, Kruse MHL. Tradução e Adaptação Transcultural do Instrumento Edmonton Symptom Assessment System para uso em Cuidados Paliativos. Rev Gaúcha Enferm 2013; 34(2): 163-171.
Nekolaichuk C, Beaumont C, Watanabe S, Buttenschoen D. Edmonton Symptom Assessment System revised (ESAS-r) – Administration Manual: Alberta Health Services (AHS) Edmonton Zone Palliative Care Program; 2019. Disponível em: https://www.albertahealthservices.ca/assets/info/peolc/if-peolc-ed-esasr-admin-manual.pdf. Acessado em 07/11/2024.
Watanabe SM, Nekolaichuk C, Beaumont C, Johnson L, Myers J, Strasser F. A multicenter study comparing two numerical versions of the Edmonton Symptom Assessment System in palliative care patients. J Pain Symptom Manage 2011; 41(2): 456-68. doi: 10.1016/j.jpainsymman.2010.04.020.