Disfagia
O processo de deglutição envolve uma coordenação complexa que integra aspectos motores, sensitivos e psicológicos. É uma habilidade essencial para a manutenção da vida, pois permite o deslocamento do alimento desde a boca até o estômago. Didaticamente, pode ser dividido em fases voluntárias (pré-oral e oral) e não voluntárias (faríngea e esofágica). Quando ocorre um distúrbio em uma ou mais dessas fases, o quadro é denominado disfagia (do grego dys – dificuldade e phagien – comer).
A disfagia pode ser causada por anormalidades congênitas ou adquiridas, levando a alterações anatômicas ou funcionais. Esse distúrbio resulta em uma deglutição ineficaz, dificultando o deslocamento do alimento e aumentando o risco de complicações como desnutrição e broncoaspiração. A disfagia pode ser classificada em disfagia alta (orofaríngea ou de transmissão) e disfagia baixa (esofágica ou de condução). Na disfagia alta, os pacientes costumam relatar tosse, aspiração e alterações na voz, enquanto na disfagia baixa, a queixa comum é a sensação de entalo ou dificuldade na passagem do alimento.
A disfagia não é uma doença em si, mas um sintoma que pode surgir em diversos contextos, como em quadros neurológicos (doença de Parkinson, demências, acidente vascular encefálico), distúrbios motores (dismotilidade esofágica), anormalidades anatômicas (divertículo de Zenker, acalásia, estenose esofágica, neoplasias de cabeça e pescoço), doença do refluxo gastroesofágico, causas iatrogênicas (medicamentos, radioterapia, cirurgia), infecções(citomegalovírus, botulismo, difteria), entre outras.
Esse problema tem um impacto significativo na qualidade de vida do paciente, tanto pela dificuldade de alimentação quanto pelo isolamento social que pode ser causado pela condição. Além disso, a disfagia é frequentemente subdiagnosticada, pois é uma queixa pouco explorada. Os pacientes com disfagia devem ser acompanhados de forma multidisciplinar, com especial atenção da fonoaudiologia para reabilitação, avaliação de vias seguras de alimentação, orientação sobre o uso de espessantes de líquidos e outros cuidados.
Sugestões de leitura:
Humbert IA, Robbins J. Dysphagia in the elderly. Phys Med Rehabil Clin N Am 2008; 19(4): 853-66. doi: 10.1016/j.pmr.2008.06.002.
Salvador LSA, Rodrigues TMP, Rocha IARS. Instrumentos de avaliação da deglutição em adultos: revisão integrativa da literatura. Rev Baiana Enferm 2024; 38: e57111. doi: 10.18471/rbe.v38.57111.