Fragilidade
Fragilidade pode ser definida como uma perda funcional ocorrendo em diversos sistemas fisiológicos, ou seja, de forma multidimensional. É acompanhada pela menor capacidade de resposta a situações de estresse orgânico. Devido à menor capacidade de adaptação ao estresse, a fragilidade está relacionada a desfechos desfavoráveis, como aumento da mortalidade, hospitalização e quedas.
Em 2001, dois grupos de autores publicaram trabalhos sobre a classificação da fragilidade. Um deles, liderado por Linda Fried, propôs a fragilidade como um fenótipo físico, cuja identificação envolveria a adoção de cinco critérios, onde a presença simultânea de três deles classificaria o paciente como frágil. Outro grupo propôs a classificação da fragilidade como um índice, baseado no acúmulo de déficits (apresentados como sinais, sintomas, perdas funcionais e doenças), sendo a identificação da fragilidade dependente da soma dessas perdas. Esta proposta foi levantada por Rockwood e Mitnitski.
Desde esses trabalhos pioneiros, diversos outros instrumentos de avaliação foram propostos para classificar o paciente como frágil. No entanto, ainda não há consenso na literatura sobre qual seria a melhor forma de fazer essa classificação. Devido às diferentes formas de avaliação, a prevalência da fragilidade ainda não é bem estabelecida, variando entre 4% e 59%, dependendo do perfil clínico da população estudada. Há maior prevalência entre mulheres e indivíduos mais longevos. A fragilidade tende a ser mais prevalente em indivíduos pertencentes a estratos sociais mais baixos (menor escolaridade e renda) e em minorias étnicas. Outros fatores de risco podem ser vistos na figura.
Apesar de sua maior prevalência em pessoas idosas, a fragilidade não está necessariamente relacionada ao processo de envelhecimento em si (talvez apenas em casos de extrema longevidade). Apresenta ainda um curso flutuante ao longo do tempo e não deve ser encarada como algo inexorável, uma vez estabelecida. Por fim, é uma condição potencialmente prevenível durante o processo de envelhecimento.
Sugestões de leitura:
Fried LP, Tangen CM, Walston J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2001; 56: 146–56
Hoogendijk EO, Afilalo J, Ensrud KE at al. Frailty: implications for clinical practice and public health. Lancet 2019; 394(10206): 1365-1375.
Mitnitski AB, Mogilner AJ, Rockwood K. Accumulation of deficits as a proxy measure of aging. Sci World J 2001; 1: 323–36.